Dia das Comunicações: respirar a verdade das histórias boas, pede Papa

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Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações foi divulgada nesta sexta-feira, 24; “Temos necessidade de uma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita”

Da redação, com Vatican News

Foi divulgada, nesta sexta-feira, 24, memória de São Francisco de Sales, a mensagem do Papa Francisco para o 54° Dia Mundial das Comunicações Sociais intitulada “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2). A vida faz-se história”. O Dia Mundial das Comunicações Sociais será celebrado em 24 de maio .

Leia na íntegra
.: Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações 2020

O Santo Padre dedicou a mensagem deste ano ao tema da narração. Segundo ele, para que homens e mulheres não se percam, precisam respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, e não as que destroem, histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguir.

“Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade de uma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação em um tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros”, observou o Pontífice.

Segundo o Papa, o homem é um ente narrador, pois as narrativas o marcam, plasmam suas convicções e comportamentos, e podem o ajudar a compreender e dizer quem ele é. “O homem não só é o único ser que precisa de vestuário para cobrir a própria vulnerabilidade, mas também o único que tem necessidade de narrar-se a si mesmo, ‘revestir-se’ de histórias para guardar a própria vida”, destacou.

Francisco afirmou que mesmo a humanidade se enriquecendo com as tramas dos seus dias, desde o início, teve e tem sua narração ameaçada. “Na história, serpeia o mal”, alertou. “Mas, enquanto as histórias utilizadas para proveito próprio ou ao serviço do poder têm vida curta, uma história boa é capaz de transpor os confins do espaço e do tempo: à distância de séculos, permanece atual, porque nutre a vida”, frisou o Santo Padre.

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“Ocorre paciência e discernimento para descobrirmos histórias que nos ajudem a não perder o fio, no meio das inúmeras lacerações de hoje; histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia”.

O Pontífice sublinha que a Sagrada Escritura é uma História de histórias, que apresenta vicissitudes, povos e pessoas. De acordo com o Santo Padre, desde o início, a Bíblia mostra um Deus que é simultaneamente criador e narrador. “Deus, através deste seu narrar, chama à vida as coisas e, no apogeu, cria o homem e a mulher como seus livres interlocutores, geradores de história juntamente com Ele”, recordou. O Papa lembra que homens e mulheres não nascem perfeitos, mas necessitam ser constantemente “tecidos” e “recamados”.

A Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade, confirma Francisco. “No centro, está Jesus: a sua história leva à perfeição o amor de Deus pelo homem e, ao mesmo tempo, a história de amor do homem por Deus. Assim, o homem será chamado, de geração em geração, a contar e fixar na memória os episódios mais significativos desta História de histórias: os episódios capazes de comunicar o sentido daquilo que aconteceu”.

“Jesus falava de Deus, não com discursos abstratos, mas com parábolas, breves narrativas tiradas da vida de todos os dias. Aqui a vida se faz história e depois, para o ouvinte, a história se faz vida: tal narração entra na vida de quem a escuta e a transforma.”

A história de Cristo não é um patrimônio do passado, observa o Santo Padre, mas é sempre atual. Depois que Deus Se fez história, o Pontífice revela que toda a história humana é, de certo modo, história divina e tem uma dignidade incancelável. Por isso, o Papa reforça que a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou.

“Cada um de nós conhece várias histórias que perfumam de Evangelho: testemunham o Amor que transforma a vida. Estas histórias pedem para ser partilhadas, contadas, feitas viver em todos os tempos, com todas as linguagens, por todos os meios”, incentivou Francisco.

O Papa concluiu a mensagem, frisando que em cada grande história, entra em jogo a história individual de cada pessoa. “Ao mesmo tempo que lemos a Escritura, as histórias dos Santos e outros textos que souberam ler a alma do homem e trazer à luz a sua beleza, o Espírito Santo fica livre para escrever no nosso coração, renovando em nós a memória daquilo que somos aos olhos de Deus”.

De acordo com o Santo Padre, quando homens e mulheres fazem memória do amor que os criou e salvou, quando colocam amor nas histórias diárias, quando tecem de misericórdia as tramas dos dias, nesse momento estão mudando de página, pois já não ficam atados a lamentos e tristezas, ligados a uma memória doente que os aprisiona o coração, mas, abrem-se aos outros e à própria visão do Narrador.

“Com o olhar do Narrador, o único que tem o ponto de vista final, aproximamo-nos depois dos protagonistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente conosco da história de hoje. Sim, porque ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança. Confiemo-nos a uma Mulher que teceu a humanidade de Deus no seio e, diz o Evangelho, teceu tudo o que Lhe acontecia. A Virgem Maria tudo guardou, meditando-o no seu coração. Peçamos-lhe ajuda a Ela, que soube desatar os nós da vida com a força suave do amor”, finalizou.